Facebook e Google são processados por rastrear usuários de forma oculta

Duas ações de classe estão sendo movidas na justiça norte-americana contra a Google e o Facebook, acusando ambas as companhias de rastrearem seus usuários de maneira indevida. Em ambos os casos, a ideia é que as empresas utilizam de meios escusos para manter um controle sobre a localização dos utilizadores, seja dificultando a desativação dessa opção ou a mantendo ativada mesmo contra a vontade deles, de forma a melhorar seus sistemas de publicidade direcionada.

O processo mais recente foi aberto na última sexta (19), contra o Facebook, acusando a empresa de coletar secretamente as informações dos utilizadores. Isso aconteceria mesmo com aqueles que não deram permissão à rede social para fazer isso, indicando que ela agiu de maneira “enganosa” ao continuar registrando tais dados e os mantendo em seus servidores para exibição de propagandas que seriam mais atrativas.

De acordo com Brett Heeger, responsável pela ação de classe, não existe maneira de descobrir esse tipo de ação que não envolva o download de dados a partir de uma ferramenta do próprio Facebook e a navegação por “pastas obscuras” que contêm as informações. Segundo ele, em seu caso pessoal, mesmo com o rastreamento desativado, ainda foi possível encontrar informações sobre localização aproximada, dados de Wi-Fi e endereço IP que revelavam onde o usuário estava, criando uma brecha nas opções de privacidade da plataforma.

O reclamante, então, afirma que o Facebook continuou lucrando com suas informações mesmo contra sua vontade, exibindo a ele propagandas baseadas em sua localização e, claro, vendendo tais informações para os anunciantes. Por isso, ele pede compensação financeira, cujo valor não foi especificado e deve ser decidido pelo tribunal.

Já uma segunda ação, datada do dia 12 de outubro, acusa a Google de dar informações incompletas e confusas sobre a forma pela qual os usuários podem desativar a coleta de dados de localização. Também movido em uma corte da cidade de São Francisco, o processo acusa a gigante de dificultar o acesso às opções de privacidade, de forma a desestimular os usuários a revogarem sua permissão.

A empresa também é acusada de ventilar que esse processo seria fácil, principalmente em dispositivos móveis, mas omitir informações importantes sobre como a desativação pode ser feita. No lugar da simplicidade divulgada, os usuários precisam navegar por um “labirinto de telas” para chegar até a opção específica sobre os serviços de localização.

Por conta disso, o processo pede não apenas compensações financeiras para todos que foram afetados por tais dificuldades, mas também punições federais à empresa de forma a exigir uma mudança em suas práticas. O objetivo é garantir que o acesso a opções de privacidade se torne mais simples e claro, dando maior controle ao usuário sobre os dados próprios que estão sendo coletados pela companhia.

Coincidentemente ou não, a Google liberou nesta quarta-feira (24) um novo sistema de configurações de privacidade voltado, justamente, para isso. As opções para controle de localização e coleta de dados de voz e pesquisa ganharam maior destaque na ferramenta de busca, com o mesmo acontecendo em breve, também, com os outros produtos da companhia. Ela, entretanto, não se pronunciou sobre o processo nem sobre a relação entre tais mudanças e reportagens recentes da imprensa internacional que mostravam a dificuldade de se trabalhar com esse tipo de configuração antes.

Enquanto isso, o Facebook afirmou que o processo movido contra si não tem mérito e que seu controle de privacidade, principalmente referente ao rastreamento de localização, sempre foi bem claro. A rede social negou continuar realizando a coleta de dados de usuários que optaram por essa negativa e apontou sua política de uso de dados, que inclui informações sobre como a empresa utiliza as informações obtidas para fins de publicidade direcionada.

De Jogador 013
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